terça-feira, 9 de março de 2010

Um dia é pouco... Uma musa é pouco ... Um poema nunca é pouco !

Aluysio Abreu Barbosa

finados

(p/ rosana)

se a chuva que cai sobre mim
cair também sobre ela
que minha lembrança a aqueça
a conta-gotas
dos pingos às folhas
das folhas à terra

que minha lembrança se enrosque
à raiz de uma erva daninha
daquelas que brotam de novo
depois da erva arrancada

se a chuva que cai sobre mim
cair também sobre ela
que minha lembrança adormeça
em sonhos de carnes fartas
revista de língua na alma
deitado no colo dela

atafona, 02/11/03

polígrafo

(p/ rosana)

aninhado nela
cabeça entre os seios
pernas entrelaçadas
rocei meu sexo
em sua coxa
e ouvi o coração
que disparava

itaperuna, 2004

formigas e poetas

(p/ rosana)

queria ter te dado mais gozo
emprenhado você
embrenhada no gozo

gozo meu
com cheiro do seu
no universo que me perdi
para achar em você

na fenda dos lábios
onde moisés perdeu a ovelha
van gogh a orelha
e salomão diria:
— não são teus seios
como os filhos gêmeos da gazela?

gostei de quando
você se decidiu
a me decidir
e definiu
no momento que vi

queria não ter dado
por instinto
o tapa na formiga
mas agora agradeço
a Deus
— O da formiga —
porque ela tem vontade de viver
e caminha
sobre a mesa
do estudo de física
do bilhete de despedida

suas curvas continuam
nas muralhas mouriscas
das paisagens de sintra
lá, formigas e poetas
não dizem adeus

atafona, 13/12/05

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