sábado, 8 de agosto de 2009

TUAREGUE


Como tuaregue envolta em panos de gaze,
véu azul índigo,
busco, olhos e olhar de fora, uma calma para dentro,
perdida entre o centro e o S do deserto de Saara.
Saara,
sem ar,
não sara,
ara de deuses que me abandonaram.
Não sei falar berber e meu português é cativo,
vive hoje em subcasta.
Das palavras que sobraram,
algumas sem som;outras sem sentido,
cato estas, pra escrever nas areias do deserto.
Tudo é areia: arranha,
desgasta,
desbasta
chicoteia a alma e a tempestade não passa.
Tudo se arrasta como réptil camaleônico
na rasteira poeira do só.
Passaram-se 720 horas,
em quilômetros de saudade
um tagelmust cobre meus longos e intocados cabelos
pra sempre presos ao traçado de seus dedos
em tramadas tranças,
quase coques, de senhora recatada e fria,
agarrada ao missal de domingo.
Campos, 12 de outubro de 2007.

Edinalda Maria

5 comentários:

  1. Obrigada, Jane Antônia, por mais esta corajosa publicação.
    bjs da
    Maria Maria

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  2. Maria, Maria, para de fazer piada mulher, coragem? Eu é que não sei como vc pode ter coragem de não dar mais publicidade a esses "escritos".
    bjs
    e mande mais, muito mais...

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  3. Mais uma obra de arte professora !

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  4. Mando, sim, Jane.
    Muito obrigada, Anônimo!
    Maria Maria

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  5. Professora, só hoje pude visitar o blog. Que me perdoe Chico rsrs. Amei, amei. E a foto ?Parece ser a você!

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