quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Jogos de sombras

Hermes Fontes


Sempre que me procuro e não me encontro em mim,


pois há pedaços do meu ser que andam dispersos


nas sombras do jardim,


nos silêncios da noite,


nas músicas do mar,


e sinto os olhos, sob as pálpebras, imersos


nesta serena unção crepuscular


que lhes prolonga o trágico tresnoite


da vigília sem fim,


abro meu coração, como um jardim,


e desfolho a corola dos meus versos,


faz-me lembrar a alma que esteve em mim,


e que, um dia, perdi e vivo a procurar


nos silêncios da noite,


nas sombras do jardim,


na música do mar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário