Poema de corpo de delito...
Certos poemas são como um soco...
Ninguém interpreta socos...
Os socos nos atingem,
E machucam...
Os poemas-socos são assim...
Têm o objetivo de ferir,
Deformar,
Derrubar,
Ninguém entende um soco...
Levamos socos,
Sentimos socos...
Às vezes,
Esse socos, poemas-socos,
são tão fortes que,
Quebram as mãos de quem os escreve,
Sangram os dedos de quem os desfere...
Há os poemas-faca...
Ninguém interpreta um poema-faca...
Ninguém entende uma facada...
Nós,
Simplesmente,
Somos esfaqueados...
As facas,
Furam,
Perfuram,
Invadem,
Cortam,
E pelos ferimentos,
Causados pelas palavras afiadas,
Dos poemas-facas,
Escorrem,
A seiva das almas...
Na maioria das vezes,
Os poemas-socos,
Os poemas-facas,
Chegam de surpresa,
Sem chance,
De qualquer defesa...
Xacal
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