sábado, 15 de agosto de 2009

Cespitosa ou decumbente?





Entre o alto céu
e o rés do chão
estou eu: nem cespitosa, nem decumbente,
apenas ente, ante a semente existencial de ser,
de querer cres (ser) cespitosa
de me alastrar decumbente,
na terra que,
quando recebe a pevide,
recebe também a gênese,
a biografia,
toda a ancestralidade do ser
e decide se vinga ou não,
se floresce ou esmaece,
se brota altiva cespitosa
ou humilde decumbente.

Na lição da Natureza
entre o alto céu
e o rés do chão
não há mais ou menos.
Há a possibilidade que,
usando o dínamo generoso da vida
produz,
reproduz
e se oferece,
cespitosa ou decumbente,
ao jardineiro que passa.

Edinalda Maria
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6 comentários:

  1. Jane Antonia, sua levada!
    Imagino a dificuldade que teve para ajustar texto, música e imagem.Esse texto é um dos meus dengos mas não imaginei que vc publicasse. É intimista demais. Mas vc conseguiu com louvores! Está lindo, lindo, lindo!
    1000000000000000000000000000000000 Obrigadas
    Maria, Maria

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  2. Loucura seria não publicar... intimista demais? Seria a Maria do Caboio, que com a ponta da faca rasga na pele a letra do seu amor?

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  3. Na verdade, o texto foi ‘gestado’ depois que um amigo, Guilherme, usou as palavras e me explicou o que significavam. Fiquei apaixonada por elas ( essas coisas de significante e significado, né?) e nem levei 9 meses para trazer o texto à luz( rssssss). Guilherme tá longe, mas já mandei e-mail para ele ver o texto em seu blog.
    Maria Maria

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  4. Esta poesia é surpreendente! Edinalda Almeida é assim, transforma olhares simples em pulsos maravilhosos que vibram tanto que nos obriga a parar e a olhar a vida de modo diferente. A força do que escreve é realmente incrivél. E o mais incrível é que faz isso com uma elegância escandalosa. A sua delicadeza faz parecer tudo fácil. Parece que rege o vento como uma maestra. Aí, então, entramos em seu poema desarmados, tranquilos e somos consumidos pelo seu golpe final: também passamos a ser regidos por sua batuta que nos faz flutuar como se fizéssemos parte do ar.

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  5. Vc, MV,é um amigo mais que lindo! É necessário,encantador,poeta também nas observações precisas, cespitosamente amorosas.Todas as pessoas precisariam ter um MV por perto!É um doce privilégio, o meu!
    A vida tem lá suas durezas acústicas, sabe, MV? E, às vezes, temos , até, a irresponsável pretensão de reger e enredar a(s) alma(s).Como não abro mão de ser decumbente,na maioria das vezes, fracasso e, sequer, consigo reger a minha.
    bjs agradecidos da
    Edinalda

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