sábado, 8 de agosto de 2009

Apertando a Tecla


O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional a
quantidade de "foda-se!" que ela fala.

Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor.
Reorganiza as coisas. Me liberta.
"Não quer sair comigo? Então foda-se!".
"Vai querer decidir essa merda sozinho(a)mesmo?
Então foda-se!"

O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Os palavrões não nasceram por acaso.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso
vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos
mais fortes e genuínos sentimentos.

É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português
Vulgar que vingará plenamente um dia. "Pra caralho", por exemplo.
Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "pra caralho"?
"Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.

A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o
universo é antigo pra caralho,eu gosto de cerveja pra caralho, entende? No gênero do "Pra caralho",
mas,no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!"

O "Não, não e não!" e tampouco e nada eficaz e já sem nenhuma
credibilidade
"Não, absolutamente não!" o substituem. O "Nem fodendo!" é
irretorquível, e liquida o assunto.Te libera, com a consciência
tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.

Aquele filho pentelho de 19 anos te atormenta pedindo o carro
pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo um definitivo


"Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!".
O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com
a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do
Toquinho.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as
situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas
também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível
imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.

Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um "é PHD
porra nenhuma!" ou "ele redigiu aquele relatório sozinho pora nenhuma!".
O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de
incrível bem-estar interior.

É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia
pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", chepone",
"repone" e mais recentemente o "prepone " = presidente de porra nenhuma.

Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade
de um "Puta que o pariu", ou seu correto "Pu-ta-que-o-pa-riu!!!", falados
assim cadenciadamente, sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!"
dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido
tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um
merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"?
E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho
do seu cu!".

Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos
seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu
interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!".

Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima.
Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme,
cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor- íntimo nos
lábios.

E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão
de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua
derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!".

Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para
uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora
complicação?

Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em
todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa.

Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem
documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia
atrás de você mandando você parar:
O que você fala? "Fodeu de vez!".

Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!!!

O texto já foi atribuido a Millor, mas em seu Blog o escritor esclarece que não é o autor.
Foda-se, continua sendo ótimo!

2 comentários:

  1. Como tudo na vida: tudo tem seu lugar e o momento certo. Há momentos que deve haver permissividade para um palavrão, pode servir até para desabafar ou levantar o humor dos interlocutores. Não concordo, contudo, em fazer sua apologia. O mundo já anda tão violento! Sempre é bom se respeitar a sensibilidade ou suscetibilidade à nossa volta.
    Talita Batista.

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  2. Que legal Talita,obrigada pela visita e pela colocação de seu ponto de vista de forma tão clara e educada.
    Volte sempre.

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